Reflexão sobre jogos e suas aprendizagens
Estou
atuando com um novo grupo de crianças, sendo que estas nunca haviam frequentado
o ambiente escolar antes, possuem um ano e meio há dois. Estava observando a
forma como jogam\ brincam e recordei-me e revisei alguns textos e aprendizagens
que tivemos em aula e percebi que estão em uma transição de fase do jogo de
exercício para o simbólico.
Pois
tem momentos que a mesma criança apenas bate as mãos no chão ou fica batendo o
mesmo chocalho inúmeras vezes, ou ainda só os põem na boca, fase oral, ou seja
o modo como essa criança aprende é pela ação repetitiva, Lino de Macedo (1997),
baseado em estudos de Piaget, afirma que essa ação repetitiva é um “alimento”
para a aprendizagem, isto porque causa satisfação e prazer.
“ A repetição,
requerida pelas demandas de assimilação funcional dos esquemas de ação, tem por
consequência algo muito importante para o desenvolvimento da criança: a
formação de hábitos. Os hábitos, como analisa Piaget (1936), são a principal
forma de aprendizagem no primeiro ano de vida e constituem a base para as
futuras operações mentais.” (Macedo, 129, 1997).
E no
mesmo dia, algumas horas ou minutos depois, a criança que antes utilizava o recipiente
ou chocalho no jogo de exercício o usa como simbólico, alimento, água. Logo, a
criança consegue usar uma latinha e a representa como uma panela, para fazer
comida.
Isto
acontece, porque a criança presenciou várias vezes alguém fazendo comida, ou
brincando de fazer comida, que assimilou por analogia o que deseja representar.
“(...)
Em síntese, se os jogos de exercício são a base para o “como”, os jogos
simbólicos são a base para o “porque”. Mas, a coordenação entre o como e o
porquê só se dará com a estrutura de jogos seguinte, graças à assimilação
recíproca.” (Macedo, 133, 1997).
Fonte:
MACEDO, Lino de. Quatro cores, senha e dominó: oficinas de jogos em uma
perspectiva construtivista e psicopedagógica / Lino de Macedo, Ana Lúcia Sícoli
Petty, Norimar Christe Passos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.
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